quarta-feira, 6 de maio de 2009

Nova estrutura diminui cargos políticos

Autor(es): Vasconcelo Quadros
Gazeta Mercantil - 06/05/2009


Há algo a mais no ar além de aviões de carreira e dos cargos tomados do PMDB na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O plano turbulento do presidente da estatal, brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva moraliza e profissionaliza o órgão, mas amplia a militarização do setor e consolida uma ousada máquina de espionagem que vem sendo azeitada nos últimos três anos, e se destacou com mudanças radicais que, em abril, pegaram de surpresa os políticos da base aliada do presidente Lula e seus apadrinhados.
A nova ordem dentro da Infraero vem sendo dada por um órgão de nome pomposo, a Superintendência de Inteligência Empresarial, ocupada por oficiais e profissionais de inteligência, cuja atuação norteou a reforma administrativa que resultou na redução dos contratos especiais preenchidos por indicação política.
No início de abril deste ano, a limpeza promovida pelo brigadeiro Nicácio resultou na eliminação de 97 dos postos sujeitos à indicação política, que passaram de 109 para 12, e na substituição de mais de 90% dos demais cargos de confiança na chefia das 96 superintendências espalhadas pelo país, 25 delas na sede da empresa em Brasília, quatro regionais (São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Recife) e 67 em aeroportos administrados pela Infraero nos estados..
Aplaudidas pelos funcionários e bombardeado pelos políticos do governo, as mudanças foram pautadas pelo pente-fino dos agentes de inteligência, função maldosamente denominada de "araponga", que ganharam relevo na gestão de Nicácio. Ele transformou em superintendência ligada diretamente a seu gabinete uma estrutura tratado pelos antecessores como órgão de assessoramento.
O grupo é formado por oito profissionais, cinco deles dos quadros da Infraero e outros três contratados, originário da Força Aérea Brasileira (FAB), e chefiados pelo coronel Hélcio Medeiros Ribeiro, oficial com experiência nas áreas de espionagem e contra espionagem e conhecido membro da "comunidade", há dez anos lotado na Superintendência de Segurança Aeroportuária. No início deste ano, a Infraero juntou-se as mais de 30 estatais federais que integram o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), cujo órgão central vem a ser a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
É um salto necessário à atividade de inteligência numa área suscetível a ocorrências que vão do tráfico de drogas e corrupção ao terrorismo, mas um susto numa classe política que ainda vive a paranóia do período militar, onde a espionagem política era uma prática tão rotineira quanto o movimento nos saguões de aeroportos. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, afirma que o reforço da estrutura de inteligência ilustra o fracasso plano de desmilitarização da aviação civil, iniciado com a criação do Ministério da Defesa.
"Os militares controlam o tráfego, a inteligência e todos os órgãos ligados à prevenção, administração e regulação do setor", diz Graziella. Ela acha que a militarização do setor, reforçada depois do apagão aéreo de 2007, é uma contradição do governo petista e um retrocesso no processo de desmilitarização do setor aéreo, para o qual o ministro Nelson Jobim, da Defesa, fechou os olhos para não se indispor com a tropa. Graziella acha que a presença do Nicácio Silva quebra o ritmo civil na administração da empresa, mas reconhece que a atuação do brigadeiro encontra ressonância entre os funcionários que, como ele, são contra a privatização.
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