O Estado de S. Paulo
- 15/03/2012
Carlos Alberto Leréia o teria chamado de 'macaco' e dito que
ele 'procurasse um pau para subir'
BRASÍLIA - O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) foi
acusado nesta quarta-feira, 14, de racismo praticado dentro do Congresso. A
Polícia do Senado vai investigar a ocorrência, que teve como alvo um servidor
público. O boletim de ocorrência informa que o Leréia chamou o policial de pele
negra de "macaco" e que mandou que ele "procurasse um pau para
subir", antes de se dirigir do plenário para o cafezinho dos senadores.
A ofensa, de acordo com o documento, começou quanto o
policial, que trabalha no Senado e não na Câmara, pediu ao deputado que se
identificasse. Irritado, Leréia respondeu que o servidor deveria saber quem era
ele ou que, então, "procurasse na Internet porque ele não iria se
identificar". E repetiu a sugestão de "procurar um pau para subir",
ofensa testemunhada de perto por dois senadores.
Antonio Carlos Valadares
(PSB-SE) pediu ao policial que "não retornasse mais a falar com o cidadão
que se dizia deputado". "Foi feio, o segurança usou a prerrogativa,
mas ele não quis se identificar", lembrou Valadares. Já o senador Eunício
Oliveira (PMDB-CE) entendeu que o policial falou com o deputado num tom elevado
de voz e com o dedo em riste. "Eu teria dado voz de prisão" (contra o
servidor), disse o senador peemedebista.
O boletim de ocorrência registra que não foi esse o primeiro
envolvimento de Carlos Alberto Leréia numa ocorrência no plenário do Senado. Na
ocasião anterior, ele teria mandado outro policial "tomar no c...".
O deputado confirmou ter dito "vai catar um pau para
subir" ao funcionário. Mas negou tê-lo chamado de macaco e alega que não
tem de se identificar para entrar no plenário. "Ele queria que eu
mostrasse a identidade", protestou, dizendo que acha desnecessário até
mesmo usar na lapela o broche de parlamentar.
"Não vou mostrar a identidade
no Congresso, se broche for a maneira de entrar aí (plenário), é só mandar
fazer (um broche). Radialista, Leréia disse que mandou seus advogados entrarem
com uma representação contra o policial. Já o diretor-geral da Policia do
Senado, Pedro Araujo, informa que, se confirmados, os fatos constarão da
representação que será encaminhada à corregedoria do Senado, à qual compete
pedir providências à corregedoria da Câmara dos Deputados.