Gustavo Henrique Braga
Correio Braziliense - 07/04/2012
Contratações de servidores públicos inflam o caixa dos fundos de pensão de estatais. A fundação do Banco do Brasil, maior da América Latina, viu um de seus principais planos atingir ativos no valor de R$ 2,8 bilhões
A renovação nos quadros do funcionalismo por meio da contratação via concurso público está provocando uma revolução nos fundos de pensão. O exemplo mais evidente é o da Previ, maior entidade de previdência complementar fechada da América Latina. Depois de passar por um período de estagnação no número de associados, a fundação registrou, em 2011, seu melhor resultado desde 1997 no plano Previ Futuro. Dos 8.764 funcionários que ingressaram no Banco do Brasil, 93% (8.180) aderiram à Previ. Com isso, o plano superou a marca de 74 mil participantes e R$ 2,8 bilhões em ativos no fim do ano passado.
Os resultados não consideram os associados ao Plano 1, o mais antigo da Previ, com cerca de 120 mil participantes, que está fechado a novas adesões. Ainda assim, para o presidente da Previ, Ricardo Flores, os números comprovam que a cultura previdenciária se consolida no Brasil na medida em que aumenta a conscientização das pessoas em relação à importância das contribuições adicionais. Ele lembrou que cada vez mais pessoas recorrem às contribuições adicionais como estratégia para garantir uma aposentadoria sem redução drástica nos rendimentos. "Com a estabilidade econômica, o aumento de renda da população e a disseminação da informação a respeito dos benefícios da previdência, a procura por produtos e serviços que garantem um futuro melhor tornou-se cada vez maior", justificou.
Flores atribui o aumento da procura aos fundos de previdência complementar à adoção de programas de educação previdenciária, como o Mais Previ, lançado em agosto de 2010.
Tais projetos trazem informações aos participantes com o objetivo de mostrar a relevância de possuir a complementação da aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de oferecer instruções sobre como investir da forma mais adequada. "Muitas pessoas não percebem o diferencial que é contribuir para um plano complementar e a importância de começar o mais cedo possível, a fim de garantir a manutenção de suas rendas após o período laboral", alertou Flores.
Adesões
Robson Rocha, vice-presidente de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, atribui os avanços da Previ a um esforço conjunto. "O trabalho que vem sendo desenvolvido em parceria com as gerências regionais de Gestão de Pessoas do BB tem sido fundamental para o aumento das adesões dos novos funcionários ao Previ Futuro", disse. A seu ver, os fundos de pensão são ainda uma ótima ferramenta para estimular a retenção de talentos nos quadros do governo e das estatais.
Dados da Previ mostram que o aumento no número de concursados no BB teve papel fundamental para o crescimento da entidade. Em 2009, o número de empossados foi 4.184, menos da metade do que o registrado no ano passado. Em 2006, o número de contratações ficou em 2.829 e, em 2005, houve ingresso de apenas 799 concursados nos quadros da empresa.