Gustavo Henrique Braga e Ana D’Angelo
Correio Braziliense - 14/06/2012
Governo promete
reajuste a professor
Governo desiste de cortar salário de médicos. E acena com
novo plano de carreira para professores de federais, em greve há quase um mês.
Além deles, só militares e o pessoal do Judiciário devem ter aumento.
Além dos docentes das universidades federais, os militares
também deverão ter aumento em 2013
Para acalmar os professores das universidades federais em
greve há quase um mês, o governo prometeu apresentar proposta de reajuste
salarial na terça-feira que vem, por meio de um novo plano de carreira. O Palácio
do Planalto está sendo pressionado por quase todas as categorias do serviço
público federal a conceder aumentos e as paralisações começam a tomar conta do
país. Por ora, além dos docentes universitários, somente os militares e,
possivelmente, o pessoal do Judiciário deverão ter algum reajuste em 2013.
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do
Planejamento, Sérgio Mendonça, sinalizou que o governo poderá tomar como base
para a negociação com os professores universitários o plano de carreira da
Ciência e Tecnologia. Atualmente, um professor titular com dedicação exclusiva
ganha entre R$ 4,7 mil e R$ 11,7 mil, a depender da formação acadêmica. Já um
pesquisador titular da carreira de ciência e tecnologia recebe entre R$ 7,7 mil
e R$ 14,1 mil, incluindo as gratificações temporária e de desempenho.
Em reunião anteontem no Ministério do Planejamento com
representantes dos docentes federais, Mendonça pediu prazo de 20 dias para
apresentar uma contraproposta, condicionada ao fim da paralisação, o que foi
rejeitado. Ele então se comprometeu a levar um "esboço" de um novo
plano de carreira para os professores na próxima terça.
Até lá, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições
de Ensino Superior (Andes) garante que a greve continua. Já chega a 55 o número
de universidades que aderiram à paralisação. Na avaliação da professora Milena
Martinez, integrante do comando nacional da greve, a apresentação de uma
proposta baseada na ciência e tecnologia não atenderá à reivindicação da
categoria. "São atividades completamente distintas. Além disso, há uma
incompatibilidade nas cargas horárias das duas carreiras", disse.
Quartel
O governo também está estudando aumento para os militares em
2013. Um grupo formado por integrantes dos ministérios do Planejamento e da
Defesa está elaborando uma proposta há três meses, mas, por enquanto, ainda não
foi definido o percentual nem como será pago, se parcelado e a partir de
quando. A concessão de reajuste para os militares é considerada inevitável pelo
governo, que não pretende intensificar a insatisfação nos quartéis. O último
foi concedido em 2006, de forma escalonada até 2008, e os salários estão
defasados em relação a outras carreiras do Executivo.
Com a possibilidade de um reajuste linear para todo o
funcionalismo descartada, os servidores civis das demais áreas querem uma
proposta oficial do governo. O secretário-geral do Sindicato dos Servidores
Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves, afirmou
que a greve do Executivo começará na segunda e garantiu que ela será mantida
até que o governo sinalize com algum aumento.
Ele não quis adiantar se os servidores aceitarão reajustes
diferenciados, como os que foram concedidos entre 2008 e 2010. "Não dá
para fazer nenhum tipo de avaliação com propostas não oficiais. Isso deixa a
nossa categoria vulnerável", afirmou. Segundo ele, a reivindicação do
funcionalismo está na mesa do governo desde janeiro: 22% de aumento linear,
além da definição de uma data-base anual para negociação. "O governo se
recusa a escrever qualquer tipo de proposta, é uma posição de total descaso com
os servidores", criticou o secretário-geral do Sindsep-DF.
Técnicos parados
Não são só os professores a pedir aumento nas universidades.
Os técnico-administrativos engrossaram a greve dos docentes universitários na
segunda-feira. Eles querem piso salarial maior e correção de pendências da
carreira desde 2007. "Nunca a adesão ao calendário de ações e propostas
oficiais da entidade foi tão unânime. É perceptível como cada uma das entidades
filiadas está engajada no processo de paralisação", comemorou a diretoria
nacional da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Técnico-administrativos
das Universidades Brasileiras (Fasubra).