Isabel Braga
O Globo - 13/06/2012
Ministra admitiu erro na medida que aumentou a carga horária
dos médicos
A pressão dos médicos de hospitais federais, que ameaçavam
fazer uma greve nacional, surtiu efeito. O governo federal admitiu o erro,
recuou e aceitou modificar a medida provisória 568/2012, que reajusta salários
dos servidores públicos, mas que provocaria problemas na remuneração dos médicos,
com perdas de até 50%. Ontem, a ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti, reconheceu o erro na elaboração da MP, que será corrigido pelo líder
do governo no Senado e relator da MP 568, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em
seu relatório.
- O Ministério do Planejamento reconhece que houve um erro
na medida provisória - disse Ideli, após reunir-se com o relator.
A MP 568 vem sendo debatida há 15 dias. Segundo médicos, a
medida previa uma alteração na jornada de trabalho e na remuneração dos profissionais
da saúde, levando à perda salarial. O senador apresentará o relatório com uma
emenda acabando com as modificações propostas pelo Ministério do Planejamento
sobre os vencimentos da categoria e criando tabelas de remuneração exclusivas
para a carreira médica.
Eduardo Braga explicou que a nova tabela dos médicos não
significará mudança salarial, mas uma correção na estrutura, criando tabelas
específicas para a carreira. Ele pretendia finalizar o relatório ainda ontem e
já distribuir o texto aos integrantes da comissão que analisa a MP, para tentar
votá-la ainda hoje. Depois de votada, a MP segue para a análise dos plenários
da Câmara e do Senado.
Ontem, no Rio, cerca de 200 médicos e residentes fizeram um
protesto contra a MP, em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso. Os
manifestantes vestiam jalecos e camisas brancas com a frase: "O médico
vale muito". No Rio, os médicos não aderiram à paralisação de ontem, que
atingiu outros dez estados. Segundo a presidente do Conselho Regional de
Medicina do Estado do Rio (Cremerj), Márcia Rocha, a MP atinge 48 mil médicos
no país, sendo que metade da categoria trabalha no Rio.