Bárbara Nascimento
Correio Braziliense
- 06/03/2013
Após uma série de problemas de ordem financeira e política,
a Fundação de Seguridade Social (Geap) reúne esforços na tentativa de se
reerguer. Com pesadas dívidas que resultaram em um rombo no caixa de mais de R$
400 milhões no ano passado, a operadora viu a rede credenciada e os serviços
disponíveis minguarem, e foi obrigada a renegociar boa parte dos débitos para
não deixar os beneficiários na mão. Segundo a fundação, o deficit já foi
reduzido para R$ 260 milhões.
O ajuste das finanças faz parte do Plano de Recuperação
Financeira imposto à operadora pela Agência de Saúde Suplementar (ANS) e pelo
Ministério da Saúde e envolveu reajustes das mensalidades de mais de 400%. Por
meio de nota, a Geap destacou que a redução do rombo de caixa “está
contribuindo para a viabilidade da organização em aprimorar seus serviços,
resultando, assim, na recuperação e na ampliação da rede de prestadores de
serviços, inclusive com a expansão da carteira de novos prestadores”.
Nos últimos meses, os beneficiários do plano sofreram com a
escassez de serviços. Em Brasília, o convênio chegou a dever R$ 13 milhões ao
hospital Prontonorte. A dívida, acumulada em 120 dias, fez com que a
instituição suspendesse o atendimento do convênio da Geap durante três meses.
Os associados só voltaram a ter o hospital como opção em janeiro último, quando
a fundação se propôs a renegociar os débitos. O Prontonorte informou, no
entanto, que a dívida ainda não foi completamente quitada.
Transtornos
Diante da constante dor de cabeça, muitos dos associados ao
convênio estão cogitando abandonar o plano. É o caso da servidora pública
Natália Costa Rodrigues, 57 anos, que, além de desembolsar R$ 960 por mês, teve
de arcar com R$ 550 durante três meses para o tratamento da tireoide em uma
clínica particular. “A cobertura da Geap está péssima. Como tinha que começar
logo o tratamento, então, decidi pagar por fora”, lamentou. Ela acrescentou
ainda que não é a primeira vez que o plano deixa a desejar. Em janeiro do ano
passado, ela gastou mais de R$ 700 com consultas e exames. “Já não sei o que
fazer. Talvez a opção seja mudar de convênio”, disse.
Já o casal José Almeida Barros, 67 anos, e Maria das Dores
Barros, 72, considera-se de mãos atadas em relação aos serviços prestados. “Não
sabemos mais a quem recorrer. Neste mês, gastamos R$ 350 com consultas e exames
de rotina, além de R$ 1,2 mil que o plano cobra todo mês. Está complicado
encontrar hospitais que aceitem o plano”, disse.
(Com Ana Carolina Dinardo)
(Com Ana Carolina Dinardo)