Jornal de Brasília
- 28/02/2014
Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, ontem, militares da reserva e
familiares de integrantes das Forças Armadas ainda na ativa falaram das
insatisfações com os baixos salários e os benefícios da carreira.
Reajuste salarial
Os militares cobram, entre outros pontos, o pagamento de um
reajuste salarial de 28% ainda pendente em relação a diversos subgrupos,
referente ao antigo sistema de reajuste na data-base do período inflacionário.
Seria uma dívida salarial já reconhecida pela Justiça, da ordem de R$ 5
bilhões. Houve ainda apelos pela correção de discrepâncias de tratamento entre
servidores situados no mesmo grau hierárquico.
Compromisso
O senador Paulo Paim (PT-RS), que pediu a audiência e
dirigiu os trabalhos, ao fim se comprometeu em solicitar audiência com o
ministro da Defesa, Celso Amorim, para tratar das reivindicações. Deverá ainda
ser solicitada a presença dos comandantes das três Forças (o general Enzo Peri,
do Exército; almirante Julio Soares de Moura Neto, da Marinha; e o
tenente-brigadeiro do ar Juniti Saito, da Aeronáutica) e de uma comissão de
oito dirigentes de entidades dos militares da reserva e das famílias dos ativos.
Reestruturação de carreiras
Logo depois da reunião, em entrevista, Paim disse que ficou
evidenciada a necessidade de um plano de reestruturação das carreiras
militares, para que todos possam “viver com dignidade”. Os depoentes citaram a
situação de oficiais com longos anos de serviço com ganho mensal que vai pouco
além de R$ 3.500. No caso de um recruta, o soldo – o nome para os ganhos na
área militar – fica abaixo do salário-mínimo. “Quando mostraram contracheques,
vimos que os salários deles não dão para pagar o aluguel de uma simples morada
na periferia de Brasília, não no Plano Piloto”, disse Paim.
“Sem prestígio”
Acompanhou a audiência o deputado federal Izalcir Luicas
(PSDB-DF), oficial da reserva, que disse que os militares estão de fato "sem
prestigio” no governo. Segundo ele, há “discriminação forte”, bastando ver os
cortes no orçamento e a falta de investimentos estratégicos. Observou ainda que
o governo paga R$ 10 mil a um médico cubano, “sem nenhum preparo”, um salário
acima do previsto para profissional da área em concurso aberto para o Hospital
das Forças Armadas.