BSPF - 14/02/2014
Os negros ocupam somente 5,3% dos postos de comando das
grandes companhias brasileiras, entretanto, essa realidade não está restrita
somente ao setor privado. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), feito para analisar o Projeto de Lei 6.738/2013, que propõe 20% de
vagas para negros em concursos de administração pública federal, constatou que
cotas raciais poderiam diminuir as disparidades entre brancos e negros em
carreiras públicas.
A pesquisa, que foi apresentada no Seminário Cotas no
Serviço Público Federal, organizado pela Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial (SEPPIR) na Câmara dos Deputados, apontou que o número de
negros em cargos públicos de níveis superiores é quase 20% menor comparado aos
brancos.
Ao analisarmos os números gerais, negros e brancos ainda se
encontram em certa posição de igualdade, já que brancos ocupam 51,5% de cargos
públicos e negros ocupam 47,4 de postos no setor. Na instância municipal do
serviço público, que não exige nível superior e tem menor remuneração, os
negros (51,4%) chegam a ultrapassar os brancos (48,0%), porém esse quadro se
altera quando subimos para as categorias estaduais e federais.
Em cargos de nível estadual os negros ocupam 44,4% ante os
54,0% dos cargos ocupados por brancos;
em nível federal esse número salta de 58,6% de cargos exercidos por
brancos para apenas 39,9% de cargos exercidos por negros. Quando avaliamos as
diferenças por gênero o número é ainda mais desigual, as mulheres negras ocupam
apenas 7,5% dos cargos federais.
Nas carreiras mais valorizadas o número de negros também é
reduzido, na diplomacia por exemplo, a presença de profissionais negros é de
apenas 5,9%. “O Projeto de Lei é uma iniciativa para que o conceito de ações
afirmativas se consolide nas políticas de promoção da igualdade racial”, disse
a ministra-chefe da SEPPIR Luiza Bairros durante o evento na terça-feira (11),
o projeto ainda está em tramitação no Congresso Nacional.