Agência Brasil
- 03/02/2014
Servidores de hospitais federais do Rio de Janeiro entraram
em greve hoje (3) contra o aumento da carga horária de 30 para 40 horas
semanais com a implantação do ponto eletrônico nas unidades de saúde. De acordo
com uma das diretoras do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e
Previdência Social do Rio de Janeiro (Sindsprev-Rio), Lúcia Pádua, a decisão em
assembleias realizadas na semana passada foi manter 30% do efetivo trabalhando,
com atendimento aos casos mais graves.
Participam do movimento servidores dos hospitais federais do
Andaraí, de Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema e da Lagoa. Também aderiram à
greve servidores do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HSE), do
Instituto Nacional do Coração (INC) e do Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia (Into).
"A decisão do Ministério da Saúde é inaceitável e
contrária à humanização da saúde. Ela nos impõe jornada maior do que o
funcionário da saúde pode suportar e reduz o salário, já que não vamos ter
aumento para cumprir dez horas a mais", diz a diretora do sindicato.
Outras reclamações dos servidores são que o aumento da carga horária prejudica
o duplo vínculo e que ainda não é certo o que acontecerá com as horas
excedentes contabilizadas pelo ponto eletrônico, que, segundo o sindicato,
serão acumuladas em um banco de horas, prática mais comum em empresas privadas.
"Não somos contra o controle de frequência. Somos a
favor. Somos contra essa forma que está sendo implementada". A greve foi
convocada por tempo indeterminado. Manifestações ocorrerão nos hospitais ao
longo da semana. No momento, servidores do Hospital Federal Cardoso Fontes
realizam manifestação na autoestrada Grajaú-Jacarepaguá. A via foi fechada no
sentido zona norte. Dezenas de pessoas participam do protesto, provocando
congestionamento no trânsito local.
Muitos usam nariz de palhaço, apitos e gritam palavras de ordem contra o
aumento da carga horária de 30 para 40 horas semanais.
Na porta do Hospital do Andaraí, cerca de 20 servidores
distribuíam panfletos e adesivos contra o que consideram "privatização dos
hospitais" e contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Uma
enfermeira que preferiu não se identificar com medo de represálias criticou as
condições de trabalho no hospital: "Há enfermaria sem ar condicionado e
paciente que fica internado em cadeira no corredor. E a gente continua
trabalhando neste canteiro de obras".
Na saída do hospital, pacientes relatavam que foram
atendidos normalmente. Cristiane Felisbina levou o filho de cinco anos à
unidade de saúde por causa de uma garganta inflamada: "Não sei se era
grave, mas ele passou a noite toda com febre e viemos aqui. Foi tudo normal e
sem demora". Maria de Lourdes Santos, de 70 anos, tinha uma consulta marcada
com o cardiologista e também foi atendida. "Era uma consulta de rotina e
não tive problema nenhum".
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