Valor Econômico
- 29/07/2014
Mesmo com perspectiva de retomada de negociações com o
governo, a greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que já dura dois meses, deve continuar “no mínimo” até o
final da semana, na avaliação de Ana Magni, diretora-executiva do sindicato
nacional dos servidores do instituto (ASSIBGE).
A sindicalista não descarta a possibilidade de o movimento
prosseguir até depois disso. “A cada semana, avaliamos. Talvez a greve siga
depois disso, se o resultado da negociação não for favorável.
Quem decide são os trabalhadores em suas assembleias de
base, em cada Estado.” Procurado, o IBGE reiterou sua posição ao afirmar que a
paralisação é “parcial”. Segundo o órgão, o movimento atinge 21 unidades
estaduais e em torno de 9% dos 10,2 mil funcionários efetivos e temporários.
Ontem, as 21 unidades decidiram, em assembleia, permanecer
em greve, segundo Ana. Até o momento, a greve provocou divulgação parcial de
duas pesquisas; e adiamento na publicação de três levantamentos. Hoje, o sindicato
fará ato em frente ao prédio do instituto . Segundo o sindicato não está
descartado “acampar” às portas da sede, no Rio, semelhante ao que fizeram em
frente ao Ministério do Planejamento, na semana passada.
Os grevistas já tiveram três encontros com o governo, disse
Ana. As reuniões com a Secretaria de Relações de Trabalho no Serviço Público,
do Ministério do Planejamento, ocorreram no dia 16 de junho e na quarta e
sexta-feira da semana passada. Existe um compromisso de realização de uma reunião tripartite
– sindicato, secretaria e IBGE – esta semana, segundo o sindicato.
Mas as rodadas de negociação não agradaram aos grevistas,
segundo Ana. “O governo não atendeu nenhum ponto concretamente, nem
negociou”, afirmou a sindicalista. “Existe proposta da direção do IBGE de grupo de trabalho
interno para repensar carreira e salários e apresentarmos juntos proposta ao
governo. Mas queremos o aval do governo, a sinalização de tratamento como o que
somos: parte do Ministério do Planejamento“, disse.
A sindicalista não quis comentar percentual de adesão
mencionado pelo instituto. Fonte que acompanha negociações disse que os
grevistas preferem não falar sobre isso devido à liminar, concedida pelo
Supremo Tribunal de Justiça (STJ) após pedido do IBGE, determinando efetivo
mínimo de 70% de funcionários, durante a greve. Entre as reivindicações dos grevistas estão salários
equivalentes aos de servidores que trabalham em órgãos federais e novos
concursos públicos .