BSPF - 05/07/2014
O governo federal conseguiu barrar protestos e manifestações
durante a Copa do Mundo, por meio de liminares. Juízes de tribunais superiores,
alinhados com o Executivo, impuseram pesadas multas, que vão de R$ 100 mil a R$
500 mil por dia para as representações sindicais mais aguerridas, e calaram a
boca dos incontentes. De mãos atadas, os sindicatos entraram com recursos
contra a “mordaça”. Prometem retornar às ruas com mais fúria após o campeonato
mundial de futebol e fazer com que a indignação contida pela mão pesada da
equipe econômica da presidente Dilma Rousseff exploda em agosto, mês espremido
entre a aprovação do Orçamento e as eleições de outubro.
Além de impedidos de expressar revolta no momento em que os
holofotes mundiais estão sobre o país, os servidores são acusados pela União de
fazer “verdadeira chantagem” para “pressionar o governo federal a acatar suas
desarrazoadas reivindicações salariais”. Um técnico que participa da mesa de
negociação do Ministério do Planejamento relatou que “a forma superficial como
os atuais sindicalistas agem está irritando o governo”. Assim, a enxurrada de
restrições varreu o país e atingiu em cheio não apenas setores essenciais como
Fisco, segurança e saúde. Pegou também de surpresa o pessoal do Judiciário e da
Cultura.
O funcionalismo, em coro, tem a mesma interpretação: define
a estratégia das liminares como inconstitucional, por afrontar o legítimo
direito de greve. O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal
(Sindifisco) recorreu da decisão do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), que proibiu, inclusive, operação-padrão (excesso na
fiscalização) e operação-meta-vermelha (diminuição no ritmo de trabalho). No
arrazoado, o Sindifisco ressaltou que a União usou a expressão “chantagem” com
a intenção de “achincalhar e desmoralizar” a classe e destacou: “Vergonhosa,
sim, é a postura do governo, que só promete e não cumpre; que cria mesa de
negociação e finge negociar, mas não sai das promessas e intenções”...
Leia a integra em Realidade brasileira no pós-copa