BSPF - 22/10/2014
Um empresário da área de concursos públicos gravou um vídeo
direcionado a mim rebatendo acusações que costumo fazer de que nosso estado é
muito inchado. São quase 20 minutos com muitos dados, admito, mas com pontos
dos quais ainda discordo, apesar de objetivos convergentes. Vejam:
Em primeiro lugar, respeito o fato de ele ter citado seu
ramo de atuação logo no começo, expondo que há eventual conflito de interesses,
pois sua empresa ganha mais à medida que há mais concurso público.
Em segundo lugar, elogio a boa qualidade do debate, feito de
forma civilizada por quem parece realmente interessado em construir pontes, e
não destruir “inimigos”. Todos aqui desejamos melhores serviços públicos,
afinal. E não queremos pagar muito mais por eles.
Vamos lá, então. O meu primeiro ponto é que nosso estado é
um paquiderme obeso mais pela carga tributária do que pela quantidade de
servidores. Arrecadamos quase 40% do PIB em impostos, o que nos coloca entre as
maiores cargas tributárias do planeta. Muito disso é para transferências,
custeio da máquina, corrupção, etc.
Outra coisa: nosso estado gasta muito, e gasta mal. Não é
preciso mostrar tabelas aqui para provar isso. Todos nós conhecemos a péssima
qualidade do atendimento nas repartições públicas, a burocracia asfixiante de
nosso país, as filas de espera, a falta de equipamentos, etc. Ou seja, impostos
escandinavos, para serviços africanos.
O empresário cita países desenvolvidos, mostrando que temos
menos servidores para cada mil habitantes, mas creio que isso é mais uma
consequência do que uma causa de seu desenvolvimento: esses países ficaram
ricos com um modelo liberal e puderam se dar ao luxo de contratar mais gente. O
liberalismo, portanto, é que permite mais servidores públicos, e não o
contrário. Por essa ótica, o concurseiro deveria defender o liberalismo junto a
mim.
Meu maior problema nunca foi com o servidor público em si.
Ao contrário: acho que muitos servidores públicos podem perfeitamente endossar
o liberalismo, aplaudir a meritocracia, a redução do escopo estatal, e por aí
vai. O estado que se arroga a capacidade de cuidar de “tudo” não faz nada
direito. Perde o foco.
Em outras palavras, acho que a sociedade deve decidir quais
as áreas de prioridade do estado, e...
Fonte: Revista Veja