BSPF - 08/12/2014
Enquanto o salário médio de admissão dos brasileiros está
estagnado, a remuneração na administração pública registrou um crescimento
11,2% acima da inflação em um ano
A perda de fôlego da economia brasileira já está respingando
no mercado de trabalho. No Caged, o saldo de vagas formais criadas nos últimos
12 meses até outubro soma 473.796 – o desempenho mais fraco desde o pico da
crise de 2009. Outro sinal dessa paradeira é a evolução dos salários. Um
indicador elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da
USP) e o site de empregos Catho, com base em dados do Ministério do Trabalho,
mostra que o salário médio de admissão, na mesma base de comparação, ficou, descontada
a inflação, estagnado. Isso mesmo: ganho real zero.
Em meio a tantos dados negativos, chama a atenção o
desempenho da administração pública. Tirando a alta dos preços (medida pelo
IPCA), quem ingressou no setor público experimentou um aumento de salário de
11,2% nos últimos 12 meses até outubro. E, mesmo sem considerar a variação e
somente o valor dos salários iniciais, ninguém se deu melhor no Brasil que o
servidor público em 2014 – nem a indústria, nem o comércio ou a construção
civil. É um salário de contratação de R$ 1.808, 52,5% a mais que a média dos
setores produtivos (R$ 1.185).
Antes, uma pausa: por que estamos olhando o salário de
admissão e não a remuneração média de toda a população ocupada? Para a Fipe, o
salário de admissão é um termômetro mais ágil do comportamento do mercado de
trabalho. É fácil concordar. Mesmo em tempos cinzentos, as empresas pensam duas
vezes antes de demitir, de olho nos altos custos trabalhistas. Quem acaba
recebendo esse “desconto” é quem está ingressando em um emprego novo. Agora, se
for por reposição de demitidos mais “caros”, esse movimento fica ainda mais...
Leia a íntegra em Por que o emprego público foi a melhor opção salarial de 2014
Fonte: O Estado de S. Paulo