Bárbara Nascimento
Correio Braziliense
- 11/12/2014
Auditores da Receita Federal reivindicam reposição salarial
e do valor dos benefícios. Em 2015, será paga a terceira e última parcela do
aumento acertado há três anos. Líderes da categoria entregam propostas ao
Ministério da Fazenda
Os auditores fiscais da Receita Federal protestaram ontem em
frente ao Ministério da Fazenda, reivindicando reajuste salarial de até 24%,
nomeação de servidores concursados, recomposição de benefícios e adicional de
fronteira. A manifestação ocorreu das 9h às 12h, quando um grupo foi recebido
rapidamente pelo secretário executivo da Fazenda, Paulo Cefarelli, para
entregar uma pauta com a demanda da categoria.
Cerca de 150 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar,
participaram do protesto. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos
Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional), Cláudio Damasceno, o saldo da
manifestação foi positivo. “Mas é somente o começo. Voltaremos a nos reunir nos
próximos dias, para destrinchar a pauta, ponto a ponto. A ideia é deixar a
conversa encaminhada também com a futura equipe econômica”, salientou.
Os manifestantes querem, segundo a presidente da Associação
Nacional de Auditores Fiscais da Receita (Anfip), Margarida Lopes, recomposição
de perdas salariais entre 20% e 24%. “O reajuste de 15% dado pelo governo em
2012 não foi suficiente nem mesmo para compensar a inflação”, disse. Esse valor
seria para os salários do fim da carreira. “No início, a defasagem é maior,
cerca de 40%”, completou. Eles querem ainda recomposição de benefícios como
auxílio-alimentação e creche.
O adicional para pessoas que trabalham em áreas de
fronteira, outra demanda, foi sancionado em setembro de 2013, na Lei nº 12.855,
mas falta regulamentação. Os auditores pedem também a aprovação da PEC nº 555/06,
que reduz gradativamente a contribuição de servidores aposentados.
Outro ponto levantado por eles diz respeito ao “protagonismo
da Receita”, que estaria perdendo atribuições, dentro do âmbito da política
tributária, para outras secretarias. “A Receita é que guarda o conhecimento
nessa área. Como 2015 será um ano de esforço de arrecadação, nossa disposição
de seguir os objetivos colocados pelo governo federal se mantém intacta, mas
precisamos de atenção às nossas reivindicações”, acrescentou Damasceno, do
Sindifisco.
Disseminação
Assim como os auditores, uma série de outras categorias do
funcionalismo público já se organizam para pressionar o governo por novos
reajustes em 2015. No ano que vem, será paga a última parcela do reajuste de
15%, acordado durante a greve de 2012, dividido em três vezes. A intenção,
dizem os sindicalistas, é organizar uma paralisação nas proporções da daquele
ano, considerada a maior do setor público da história do país.
Margarida, da Anfip, explica que o movimento de ontem foi
uma sinalização ao governo de que a pressão será maior em 2015. “O movimento
pretende deixar claro que vamos voltar a pedir a recomposição salarial”,
afirmou. “Qualquer coisa que o governo acenar já será um ganho”, completou.