O DIA - 18/01/2015
“O que se observa é o uso de cargos técnicos para fins
políticos. É necessário rever as regras”
Rio - A ocupação de cargos em comissão na administração
pública por pessoas que não são concursadas é apontada com um dos problemas da
qualidade do serviço prestado ao cidadão. O uso irrestrito da prática em vagas
com indicações políticas é outro fator que desvaloriza a prata da casa. Levantamento
da Exame.com divulgado esta semana revela que em 542 cidades brasileiras, os
cargos comissionados ocupam 20% do total dos vagas de funcionários da
administração direta. De acordo com os dados, a média nacional é de 8%.
Para Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor
de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap),
esse quantitativo deveria ser de, no máximo, 2%, mas há casos em que a ocupação
é de 40%, muito acima do apurado pela pesquisa. Para o especialista, a nomeação
de pessoas que não sejam servidores públicos para ocupar cargos em comissão
também faz parte de medidas que têm como objetivo economizar despesas. Já que é
comum o trabalhador não receber FGTS ou outras indenizações trabalhistas quando
são desligados de suas funções comissionadas.
“É uma distorção do princípio da meritocracia. Sabemos que é
legítimo trazer algumas pessoas de fora para renovar os quadros, adotar ideias
novas, sangue novo para determinados segmentos. O problema é que alguns cargos
são técnicos e para estas vagas se faz o uso político, enquanto que o ideal
seria ter funcionários de carreira. Não se pode misturar os cargos políticos
com os técnicos”, defendeu Antônio Augusto de Queiroz.
O problema, aponta, é quando o mau exemplo “vem de cima”. “A
capital da República comporta importante quantitativo de pessoal de fora. O
governo do Distrito Federal, por exemplo, faz uso dessa alternativa e poderia
dar o exemplo de como valorizar os servidores estatutários”, avalia.
Para ele, seria necessário aprovar uma lei ou então uma
emenda constitucional que determinasse diretrizes para a administração pública
como um todo. Se algumas regras fossem estabelecidas, os cargos em comissão
poderiam ser melhor aproveitados. “Acho que seguir três regras já fariam muita diferença.
Limitar os cargos de...
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