Tribuna do Norte
- 05/08/2015
Brasília - As negociações entre o Supremo Tribunal Federal
(STF) e o Ministério do Planejamento sobre o reajuste salarial dos servidores
do Judiciário caminham para a conclusão. Interlocutores do tribunal que
acompanham as discussões relatam que a expectativa é de que, até a próxima
semana, Executivo e Judiciário possam anunciar à categoria uma proposta de
reposição salarial que ficará no patamar de 40%.
Pela proposta em debate, o valor intermediário deverá ser
parcelado em quatro anos - e não três, conforme pleito inicial da categoria - e
começará a ser pago a partir do ano que vem. De acordo com integrantes do
Judiciário que acompanham a negociação, o governo sinalizou que há espaço no orçamento
para conceder reajuste na casa dos 40%, na forma estipulada pelo Planejamento.
No primeiro semestre, o governo chegou a propor ao STF um
reajuste de 21,3% à categoria, igual ao oferecido para todos os servidores
públicos. O presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, indicou ao ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, que a proposta não seria aceita pela categoria. A
negociação entre os dois poderes foi atropelada pela aprovação pelo Senado do
projeto de lei que fixa um reajuste de 56,4% a 78,6%, após intensa manifestação
dos servidores nos arredores do Congresso.
O projeto foi vetado na íntegra pela presidente Dilma
Rousseff, com argumento de que a medida geraria impacto financeiro de R$ 25,7
bilhões para os próximos quatro anos e, depois desse período, passaria dos R$
10 bilhões. As conversas entre Supremo e Planejamento foram retomadas logo após
o anúncio do veto, há pouco mais de dez dias.
Se a proposta costurada pela equipe econômica em parceria
com o Supremo for anunciada ainda na próxima semana, deve ocorrer antes de
sessão do Congresso que aprecia o veto presidencial. O presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), sinalizou ser contra a derrubada do veto
presidencial à proposta que concede o reajuste de até 78% para servidores do
Judiciário. Como presidente do Congresso, Renan é o responsável por convocar a
sessão das duas Casas Legislativas que aprecia o veto presidencial.
O STF tem pressa em finalizar as discussões para anunciar o
reajuste aos servidores e conter os movimentos grevistas. Dados da Corte
apontam que o Judiciário emprega 117,5 mil servidores no Brasil todo, com
impacto, atualmente, de R$ 24 bilhões por ano no orçamento.
(AE)