Contas Abertas
- 12/08/2015
No momento em que é cogitada a eventual redução dos atuais
39 ministérios, a reforma pode começar no Palácio do Planalto. Com a intenção
de dar maior visibilidade e prestígio a algumas áreas, ou para criar cargos
atrativos politicamente, a Presidência da República cresceu de forma
significativa nos últimos anos. Em 2007, eram 5.697 funcionários. Em março
passado, a quantidade passou a ser de exatos 18.388 servidores.
Em boletim
divulgado pelo Ministério do Planejamento, a quantidade de servidores da
Presidência da República inclui a Vice-Presidência, as Secretarias, que possuem
status de ministério, a Controladoria Geral da União (CGU), a Advocacia Geral
da União (AGU) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ao longo do
tempo, além do aumento efetivo do número de funcionários, a Presidência também
viu a própria estrutura crescer.
Em 2002, por exemplo, a Controladoria-Geral da União
pertencia ao Ministério da Fazenda com a denominação de Secretaria Federal de
Controle. Naquele ano, a instituição passou a ser chamada de Corregedoria-Geral
da União subordinada à Presidência da República. A partir de 2003 a denominação
foi alterada para CGU.
Outro caso é o da Agência Nacional de Aviação Civil, que
até 2012 pertencia ao Ministério da Defesa e passou a ser subordinada à
Secretaria de Aviação Civil da Presidência, criada um ano antes, com o
propósito de coordenar e supervisionar ações voltadas para o desenvolvimento estratégico
do setor da aviação civil e da infraestrutura aeroportuária e aeronáutica no
Brasil.
A mesma situação aconteceu com a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários, que inicialmente pertencia ao Ministério dos Transportes, mas a
partir de 2013 passou a ser vinculada a Secretaria Especial de Portos (SEP) e
subordinada, portanto, à Presidência da República. A SEP foi criada por medida
provisória em 2007.
Outra “mistura” à Presidência foi o Instituto de Pesquisas
Econômica Aplicada (Ipea), que anteriormente pertencia ao Ministério do
Planejamento e a partir de 2008 ficou vinculado à Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência.
Porém, a principal “aquisição” para dentro da
Presidência aconteceu no início deste ano. A Advocacia Geral da União (AGU), que
possui 9,1 mil servidores, desde janeiro está sendo contada dentro da
Presidência e não mais separada. Esses funcionários representam praticamente
50% do contingente total atualmente.
Também integram as secretarias de Promoção
da Igualdade Racial, da Micro e Pequenas Empresas, Assuntos Estratégicos, de
Relações Institucionais, de Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres. Ao
contrário do que acontece de maneira geral no Poder Executivo – em que a maior
quantidade de servidores civis ativos está localizada no Rio de Janeiro – a
maior parcela dos funcionários da Presidência está lotada no Distrito Federal:
9,2 mil ou 50% dos funcionários estão na capital federal. O Rio de Janeiro, que
lidera no todo, está logo atrás com 1,5 mil servidores da Presidência. São
Paulo ocupa a terceira colocação com 1,4 mil servidores da Pasta.
O fato de uma
mulher, a presidente Dilma Rousseff, estar na liderança do órgão não se reflete
em “igualdade de gênero” dos servidores. Ao todo, 11,2 mil homens compõem a
força de trabalho da Presidência, isto é, 61% do total. Dessa forma, as
mulheres somam 7,2 mil pessoas na Pasta. A média de idade desses servidores é
45 anos. O nível de escolaridade também chama atenção. Do total, 9,1 mil
possuem nível superior, 2,6 mil nível intermediário e 81 constam com nível
auxiliar, segundo classificação do Planejamento.
Para outros 6,6 mil servidores
não existem informações sobre escolaridade. Essas pessoas podem ser
requisitados, nomeados em cargos em comissão, sem vínculo, requisitados de outros
órgãos, celetista/empregado, colaborador, porém são contados como Força de
Trabalho pelo Ministério do Planejamento.
“Caso o governo federal vá mesmo
reduzir a quantidade de ministros, deve começar pela Presidência, que abriga
nove ministros”, afirma o secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello
Branco.