segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Governo corta passagens e diárias dos servidores


Primeira Edição     -     30/11/2015




A partir desta segunda-feira, o governo não poderá emitir passagens aéreas, pagar hotéis e diárias aos servidores. A decisão faz parte das medidas de contingenciamento de 10,7 bilhões reais do orçamento deste ano e foi tomada depois da reunião do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, com sua equipe, realizada neste domingo.

O governo espera, no entanto, que a medida não dure muito tempo. Se o Congresso aprovar a nova meta fiscal nesta terça-feira, como o Planalto deseja, o impacto do novo contingenciamento será pequeno. Mas a equipe econômica vai fazer uma avaliação diária sobre seu caixa. A reunião deste domingo foi exatamente para dar base aos procedimentos a serem adotados nesta segunda e ao longo da semana.

Ficou definido também que não serão contingenciadas as verbas destinadas ao Bolsa Família, ao pagamento de salário dos servidores e programas de saúde por serm consideradas despesas obrigatórias. Nos Estados, muitos governadores chegaram a recorrer ao atraso dos pagamentos de salários por causa da falta de recursos. O governo federal não quer repetir essa prática.

A partir desta segunda, cada ministério vai fazer uma avaliação dos recursos que já foram empenhados e verificar em que programas ou despesas ainda poderão ser feitos novos cortes. Nesta segunda, a equipe econômica se reunirá com os secretários executivos dos ministérios para explicar a gravidade da situação e pedir o empenho de todos. Há um temor de paralisação da máquina federal, já que não serão liberados recursos para pagamento de investimentos públicos e custeio.

Com o corte de despesas básicas e que têm a ver com o cotidiano das repartições públicas, o Planalto espera pressionar o Congresso a aprovar a alteração da meta fiscal na sessão marcada para esta terça-feira.

O governo vai divulgar o último decreto com a programação orçamentária de 2015 para cumprir exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e precisará adotar a meta fiscal antiga para definir os parâmetros. Ao longo do ano, a equipe econômica já foi obrigada a contingenciar 80 bilhões de reais. Mesmo assim, o ano terminará com déficit.

A meta fiscal atual de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) equivalente a 1,1% do produto interno bruto (PIB) precisa ser alterada pelo Congresso para déficit de 0,15% do PIB para que o governo não descumpra a LRF. Em outubro, a presidente Dilma enviou ao Legislativo um pedido de alteração da meta, mas com o agravamento da crise política, que culminou com a prisão do líder do governo Delcídio Amaral, na quarta passada, os parlamentares deixaram os problemas econômicos de lado, para desespero do Planalto. A mudança reduz o superávit primário de 66,3 bilhões para um déficit que pode chegar a 119,9 bilhões de reais caso haja o pagamento das chamadas "pedaladas fiscais" (atraso no repasse de recursos do Tesouro para os bancos públicos adotado para bancar programas sociais, entre eles o Bolsa Família).

Este é o terceiro contingenciamento nas despesas do Executivo em 2015. O primeiro foi em maio, de 69,9 bilhões de reais. Dois meses depois, a equipe econômica foi a público anunciar, além da alteração da meta fiscal, um novo corte, de 8,47 bilhões de reais. Nos dois casos, Legislativo, Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União também foram atingidos. Com a tesourada que chegará ao Orçamento agora, o governo terminará 2015 com um corte total de 80 bilhões de reais, número inicialmente defendido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Em situação idêntica no ano passado, o governo decidiu não realizar um corte adicional e manteve a máquina pública funcionando, o que contribuiu para aumentar o rombo do governo. O Tribunal de Contas da União (TCU) classificou a manobra como irregular e usou como um dos argumentos para rejeitar as contas da presidente Dilma de 2014.


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra