Vera Batista
Correio Braziliense
- 25/11/2015
A mudança nas datas dos reajustes salariais já estabelecidas
podem desencadear uma paralisação no funcionalismo público. Servidores da AGU
protestam no Ministério do Planejamento
Qualquer mudança nas datas previstas para o início do
pagamento dos reajustes salariais dos servidores públicos federais
(estabelecido para agosto de 2016) vai desencadear uma onda de paralisações que
poderá ser ainda mais forte que a registrada em 2012, quando ocorreu a maior
greve da história do funcionalismo. Os boatos de que a equipe econômica
pretende adiar para dezembro o repasse do recursos aos contracheques – para
reduzir os gastos e cumprir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB -,
pegou todos de surpresa e desagradou tanto as carreiras da base quanto aos
servidores de elite.
"O governo já está acostumado a rasgar acordos assinados,
seja em relação à reestruturação das carreiras ou à valorização dos
trabalhadores. Mas, dessa vez, o ato é inédito e muito pior que os anteriores.
Caso os boatos de postergação da data se concretizem, teremos instrumentos
consistentes para uma grande greve, nos mesmos moldes da que aconteceu em
2012", conta Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação
Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa
80% do funcionalismo. O acordo com a Condsef é dividido em dois anos (2016 e
2017).
Roberto Mota, presidente da União dos Advogados Públicos
Federais do Brasil (Unafe), ficou apreensivo, porque, explicou, está marcada
para amanhã a assinatura do acordo específico com a carreira - em quatro anos
até 2019. "Acho estranho não ter havido qualquer manifestação do Ministério
do Planejamento. Convencer a categoria para o acerto que está aí já foi um
processo traumático. Chegamos a tentar até antecipar o pagamento para abril,
sem sucesso. Se houver qualquer imposição sobre dezembro, a categoria vai ter
que avaliar, mas não descarto a possibilidade de uma ampla greve geral",
disse Mota.
AGU
Nesse momento, mais de 60 servidores administrativos da
Advocacia-Geral da União (AGU) fazem um ato em frente ao Minsitério do
Planejamento. Querem detalhes sobre os termos do acerto entre o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa; o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que
aconteceu em 15 de outubro último.
O objetivo principal, à época, foi alinhavar os reajustes
para os advogados federais. Mas, na ocasião, também, segundo Sérgio Ronaldo da
Silva, secretário-geral da Condsef, foram definidos os destinos do restante dos
trabalhadores. Segundo ele, o secrtário de Relações do Trabalho, Sérgio
Mendonça, vai receber uma comissão de sindicalistas em alguns minutos.
“Queremos tomar conhecimento do que aconteceu. Não sabemos nada sobre as
propostas. Hoje é o Dia Nacional de Luta dos trabalhadores da AGU, em todo o
país. Em Brasília, a mobilização é em frente ao Planejamento”, disse.