BSPF - 08/05/2016
Há 13 anos, apenas 20.711 docentes efetivos da carreira do
magistério superior tinham doutorado. Hoje, esse número está em 59.658
A educação superior no Brasil tem evoluído ano após ano.
Para esse salto, contribui um fator que às vezes passa despercebido, mas tem
feito diferença. De 2003 a 2016, o número de professores doutores no quadro das
universidades federais aumentou 189%. Há 13 anos, apenas 20.711 docentes
efetivos da carreira do magistério superior tinham doutorado. Hoje, esse número
está em 59.658.
Outra mudança significativa está na quantidade desses
professores que se dedicam integralmente às atividades docentes. Entre os
contratados pelas instituições federais de educação superior este ano, 88,5%
estão em regime de dedicação exclusiva. Os dados, da Secretaria de Educação
Superior (Sesu) do Ministério da Educação, mostram os números informados pelas
instituições de ensino até fevereiro último.
De acordo com o titular da Sesu, Jesualdo Farias, esse
aumento na qualificação dos professores da rede pública federal e no nível de
envolvimento desses profissionais com as instituições é resultado de uma série
de políticas adotadas durante esses 13 anos. A primeira delas foi a
interiorização das universidades, que deixaram de ser exclusividade das
capitais. Somaram-se mais 20 unidades ao cenário da educação superior
brasileira.
“Eu desconheço um país desenvolvido, semidesenvolvido ou em
desenvolvimento que tenha, num período tão curto, criado 20 universidades. Nós
saímos de 43 para 63 com essa lógica da interiorização”, enfatiza Jesualdo.
Outra política determinante foi a criação do Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni),
em 2007. Com a adesão voluntária das instituições, o projeto surgiu para
expandir o número de vagas de graduação por meio de um acordo entre as
instituições e o MEC, que garantiu a liberação de vagas para concurso de
professores e de servidores técnico-administrativos, além de recursos para
investimento e custeio.
Integração
Com as políticas adotadas pelo MEC, surgiram instituições
como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(Unilab). Instituída em 2010, na região do Maciço de Baturité, Ceará, a Unilab
iniciou as atividades com 15 professores doutores e lançou seleções que exigiam
essa titulação dos candidatos. Hoje, tem 96,6% de seus docentes com doutorado.
“Como somos uma universidade em implantação — estamos no
sexto ano do processo de consolidação —, era muito interessante termos
professores já no nível máximo de formação porque tínhamos, no planejamento, a
abertura de cursos de mestrado”, diz a pró-reitora de graduação da
universidade, Andréa Linard. “Atualmente, temos três em andamento.”
Esse impacto na pós-graduação, segundo Jesualdo Farias, não
estava previsto “nem pelo mais otimista reitor”, mas é justamente o que
alimenta o ciclo virtuoso de novos pesquisadores.
“Tínhamos a necessidade de um perfil de professor em que
pudéssemos contar com a presença dele nas esferas de ensino, pesquisa, extensão
e, no nosso caso, o quarto eixo, a internacionalização, em tempo integral”, diz
a pró-reitora. Hoje, segundo Andréa, 95% dos 210 professores da Unilab são
contratados em regime de dedicação exclusiva. “Para a universidade, é de suma
importância porque é o que fomenta o desenvolvimento da instituição.”
Dedicação
Para o secretário Jesualdo, para se firmar como produtora de
conhecimento e geradora de desenvolvimento, a universidade precisa ter vida.
“Ela tem de ter a presença de professores, de técnicos administrativos e de
estudantes durante todo o dia em todos os dias do ano”, destaca. “E isso só é
possível se ela contar professores com dedicação exclusiva.”
Em comparação com as demais regiões do País, e apesar do
aumento no percentual de contratação de professores doutores, a região Norte
ainda tem dificuldade para atrair esses profissionais. Ainda assim, a
Universidade Federal do Pará (UFPA) tem 64% dos docentes com o título de
doutor, o maior percentual das instituições de educação superior do estado.
A região com maior percentual de professores com doutorado é
o Sudeste. A Universidade Federal do ABC (UFABC), por exemplo, conta com 100%
de seu quadro de docentes com essa titulação.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da
Educação