Diario de Pernambuco
- 05/05/2016
A revisão do reajuste, que seria uma forma de reduzir o
rombo das contas públicas em 2016 e 2017, colocou várias categorias de alerta
O grupo que assessora a formação do provável governo Temer
estuda rever o reajuste salarial negociado com a equipe de Dilma Rousseff no
ano passado, por conta do impacto nas contas. Mas já esbarra na resistência do
funcionalismo público, que ameaça entrar em greve para manter os acordos. A
revisão do reajuste, que seria uma forma de reduzir o rombo das contas públicas
em 2016 e 2017, colocou várias categorias de alerta.
Antes mesmo de o vice assumir, o sindicalismo público
prepara uma ofensiva no Congresso Nacional para impedir que os projetos com os
reajustes negociados no ano passado não sejam honrados pela nova equipe.
O custo do reajuste da folha de pagamento dos servidores
públicos do Executivo está estimado em R$ 5,313 bilhões para este ano, segundo
o Ministério do Planejamento. Nesse valor estão incluídos R$ 4,229 bilhões das
categorias que já fizeram acordo com o governo e devem ter os salários
reajustados em 5,5% a partir de agosto, caso os projetos sejam aprovados pelos
parlamentares.
Outro R$ 1,084 bilhão é a estimativa para os acordos
firmados neste ano com os funcionários da Advocacia-Geral da União, médicos
peritos do INSS, servidores da Receita Federal e auditores do Trabalho. O Planejamento
também incluiu nessa projeção as negociações ainda em aberto, com o mesmo
porcentual de reajuste de 5,5% a partir de agosto.
O corte no reajuste desse pessoal seria uma saída da nova
equipe econômica para amenizar o rombo que pode chegar a R$ 96,6 bilhões em
2016. Os seis projetos encaminhados por Dilma no final de dezembro de 2015
ainda estão em tramitação no Congresso. Pelos projetos, o reajuste salarial
para mais de 40 categorias terá impacto total de R$ 32,2 bilhões até 2019.
Os sindicalistas já procuraram o senador Romero Jucá
(PMDB-RR), que deve ocupar o Ministério do Planejamento. Eles já avisaram que
vão reivindicar de todas as formas que os compromissos assumidos com o governo
sejam cumpridos.
"Fizemos acordo com o Estado brasileiro,
independentemente do governo que esteja de plantão", diz Sérgio Ronaldo,
da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), ligada
à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que representa 80% dos funcionários do
Executivo. Segundo ele, está prevista para a próxima semana uma caravana de
sindicalistas às lideranças da Câmara e ao presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
Além do reajuste dado ao chamado "carreirão" (que
reúne a maior parte do funcionalismo), de 10,8% em dois anos, também foi
fechado o acordo com as carreiras típicas de Estado, com aumento de 27,9%,
divididos em quatro anos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.