BSPF - 03/05/2016
O governo federal estuda conceder reajustes salariais a
servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e auditores da
Receita Federal antes do provável afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo
Senado, confirmaram à Reuters duas fontes do governo nesta segunda-feira.
Negociações foram iniciadas com outras categorias, mas as
conversas para reajustes estão mais adiantadas com essas três e devem ser
concedidos nos próximos dias, dentro da série de medidas que Dilma vem adotando
no que podem ser seus últimos dias no comando do governo.
“O governo está disposto, está com muita boa vontade. Não
são propostas exorbitantes. A intenção é tentar fechar esta semana”, disse uma
fonte palaciana.
A presidente está com estudos de impacto no Orçamento, mas o
governo não fechou ainda uma proposta definitiva para cada uma das forças.
A prioridade seria a Polícia Federal. O Palácio do Planalto
quer mostrar que valoriza o trabalho dos policiais, especialmente em meio a
operações que atingem diretamente o governo, como a Lava Jato e a Acrônimo.
Duas negociações estão em curso. Para os delegados da PF e
com os agentes, que formam diferentes categorias, e com os auditores, o governo
propõe o pagamento de um valor em reais a ser integrado ao salário e um aumento
percentual significativo a partir do ano que vem.
O acordo não foi fechado ainda porque os agentes, que
reivindicam há seis anos uma reestruturação na carreira, reclamam que
receberiam este ano um valor muito menor que os delegados, apesar de terem
salários muito inferiores.
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais
(Fenapef) afirma que fará uma mobilização nacional esta semana para evitar esse
reajuste diferenciado e que “uma luta interna está em jogo”.
“A Fenapef tem feito chegar aos ouvidos do Ministro da
Justiça, Eugênio Aragão, que já são mais de seis anos de negociação e
privilegiar os delegados agora seria indicativo de que o governo sofre da
Síndrome de Estocolmo - simpatia por quem lhe impõe vexação pública”, diz a
nota.
Os auditores da Receita receberam a mesma proposta dos
delegados da PF. Já a Polícia Rodoviária negocia equiparação salarial com a
carreira de agentes da Polícia Federal.
Na iminência de ser afastada do poder, a presidente já anunciou
outros benefícios que terão impacto direto no Orçamento de 2016. Entre eles, o
reajuste do programa Bolsa Família, que será em média de 9 por cento, elevando
o benefício médio a 176 reais. Nesse caso, os recursos para o reajuste já
estavam previstos no Orçamento, mas foram contingenciados.
No domingo, durante discurso no Dia do Trabalho, em São
Paulo, a presidente, depois de falar no aumento do Bolsa Família, anunciou
também o reajuste da tabela de Imposto de Renda em 5 por cento, o que deve ser
enviado ao Congresso por projeto de lei nos próximos dias.
O aumento de despesas, em meio ao um quadro de recessão e
profundo déficit público, recebeu críticas por parte de grupo próximo ao
vice-presidente Michel Temer, que assumirá o governo a partir da semana que vem
se o Senado acatar abertura de processo contra a presidente.
Fonte: Terra Notícias