Correio Braziliense
- 04/05/2016
Apesar da correria, tudo indica que as categorias do serviço
público que não fecharam acordo salarial com o Ministério do Planejamento terão
de negociar com a equipe de Michel Temer. O fato é que as negociações estão
praticamente paralisadas desde que Sérgio Mendonça deixou a Secretaria de
Relações com Trabalho para assumir a Presidência da Funcef - fundo de pensão
dos funcionários da Caixa Econômica Federal.
Nove categorias - agentes, delegados e peritos da Polícia
Federal, policiais rodoviários federais, analistas de infraestrutura, analisa
técnico de políticas sociais, peritos federais agrários do Incra, servidores do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) e diplomatas -
ainda não fecharam a negociação. Representantes desses servidores correm contra
o tempo para tentar firmar o acordo antes da votação do processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais
(Fnapef), Luis Antônio de Araújo Boudens, teme que a categoria volte a estaca
zero. "O nosso temor é que tudo que a gente tinha feito, como as
informações, argumentos e o termo de acordo, inclusive já assinado pelo
governo, se perca se houver mudança no Executivo Federal", argumentou.
Na tentativa de fazer a negociação da PF andar, a Fenapef
apresentou ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão, as propostas da categoria e,
ontem esperou, sem sucesso a confirmação de uma reunião no Ministério do
Planejamento. A assessoria de imprensa da pasta, informou que desconhecia
qualquer encontro com os representantes dos policiais federais.
Os policiais rodoviários também recorreram a Aragão. O
presidente da FenaPRF (entidade que representa a categoria) disse que tem a
promessa do ministro de que vai fechar a negociação antes da decisão do Senado
sobre o impedimento de Dilma. "Nossa expectativa é que seja feito até
sexta-feira", disse.
Para os analistas em infraestrutura o momento é de
apreensão. O presidente da AneInfra, associação que representa esses
servidores, Rodolpho Salomão, reclama da paralisação das negociações. "A
entidade fez uma proposta de reestruturação de carreira em 2015 dentro dos
parâmetros do gabarito aceitável pelo governo federal, mas não tivemos
resposta", lamentou.
A proposta dos analistas, segundo Salomão, vinha de encontro
aos 21,3% oferecidos pela própria União no ano passado. "Não pedimos aumentos e cumprimos as
sugestões do governo, mas mesmo assim não ganhamos", ironizou. De acordo
com ele, a categoria não recusou contrapropostas do governo federal. "Elas
simplesmente não foram apresentadas".
Negociação
O Planejamento explica que iniciou as negociações com os
servidores públicos em 20 de março de 2015 e que mantém a disposição de dar
sequência ao processo. No fim do ano passado, foram fechados dois acordos: um
para o chamado carreirão de reajuste de 10,8% em dois anos - 5,5% a ser pago em
agosto deste ano e 5%, em 2017 - e outro com as carreiras típicas de Estado,
que prevê aumento de 27,9%, divididos em quatro anos - 5,5% em 2016; 6,99%, em 2017; 6,65%, em 2018;
e 6,31%, em 2019.
Na espera
Confira as categorias de servidores que ainda não fecharam
acordos com o governo
Analista de infraestrutura
Analista técnico de políticas sociais
Perito federal agrário do Incra
Técnicos do Dnit
Agente da Polícia Federal
Delegados e peritos da Polícia Federal
Policiais Rodoviários Federais
Diplomacia
Atraso
9 categorias ainda não fecharam acordo com o governo para
reajuste deste ano
Parcelado
10,8% foi o aumento negociado com o chamado carreirão, que abrange
a maioria dos servidores federais, em duas vezes
Fonte: Ministério do Planejamento