Correio Braziliense
- 11/01/2017
Os servidores públicos federais resolveram organizar uma
ofensiva contra a reforma da Previdência anunciada pelo governo. Apesar do
recesso legislativo, 50 entidades se reúnem hoje na Comissão de Legislação
Participativa da Câmara (CLP), a convite do deputado Chico Lopes (PCdoB/CE),
para reunir argumentos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC
287/2016) e apresentar emendas coletivas ao texto. Até o momento, o
funcionalismo havia tido discussões esparsas e localizadas em algumas
categorias específicas sobre as novas regras propostas pela equipe de Michel
Temer.
"Não estamos
convencidos de que é preciso uma reforma. O sistema é superavitário. Registrou
cerca de R$ 53 bilhões a mais em 2015 e, aproximadamente, R$ 11 bilhões no ano
passado. O governo faz uma conta macabra para iludir a sociedade com o
argumento de que precisa de recursos", destacou Eduardo Dodd,
vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo e do TCU
(Sindilegis). Ele disse que não aceita conversar enquanto o governo não fizer o
dever de casa.
"Podemos sentar
e discutir sobre sonegação, cobrança de dívida ativa, redução de cargos
comissionados e outros assuntos que contribuam para o ajuste fiscal, mas não
vamos admitir que metam a mão no direito sagrado da aposentadoria",
reforçou. Com o slogan "A previdência é nossa. União contra a
Reforma!", o Sindilegis convocou diversas federações e confederações para
traçar as estratégias de comunicação e atuação. De acordo com Eduardo Dodd,
poucos sabem que, nos últimos quatro anos, apenas com benefícios fiscais,
deixaram de entrar nos cofres do Tesouro mais de R$ 250 bilhões.
Mais ponderado, Rudinei Marques, presidente do Fórum
Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), pretende encontrar um
caminho do meio. Já que a proposta de reforma da Previdência já foi enviada ao
Congresso Nacional, ele crê que a alternativa é apresentar emendas que retirem
do texto os efeitos mais nefastos. "Em vez de emendas isoladas, de
diferentes categorias, às vezes com o mesmo objetivo, vamos concentrar esforços
e reunir todas as incoerências", assinalou Marques.
(Vera Batista)