BSPF - 21/01/2018
Não há sentido em comparar o auxílio- moradia pago a juízes
e parlamentares com o mesmo tipo de benefício eventualmente ampliado até os
cerca de 200 mil militares de carreira das Forças brasileiras. Em comum, essas
categorias têm apenas a condição de integrantes do funcionalismo público - as
realidades de vida e trabalho são muito diferentes. Não há nada de similar
entre um apartamento funcional de 200 metros quadrados em Brasília e a casa de
um 1.º sargento designado para atuar na Amazônia, por exemplo, em um dos
Pelotões Especiais de Fronteira. Para o combatente e seu soldo de R$ 5.110, os
R$ 1.533 da indenização de moradia significam segurança e ganho de qualidade.
Para os outros, é só um reforço de R$ 4.377,73 no vencimento
que já começa gordo. A preocupação do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira,
o comandante da Marinha, é importante. Sem vilas funcionais ou imóveis isolados
em número suficiente para atender à determinação do Estatuto dos Militares (que
manda prover habitação para o pessoal) e sem dinheiro para oferecer o serviço
garantido na regra, os chefes da tropa constatam a crise: o salário baixo leva
à procura por moradia de baixo custo, em locais de risco, com frequência
controlados por facções criminosas.
O perigo da contaminação pelo emprego, banal e
desnecessário, dos quadros militares em operações que seriam de
responsabilidade das polícias estaduais - distorção de função para a qual
alertou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em entrevista
publicada pelo Estado - é apenas outro viés da mesma ameaça. No fim do ciclo
profissional, no ponto máximo da carreira, um general de quatro estrelas
receberá o soldo mensal de R$ 13.294. Logo abaixo, um coronel não passará de R$
10.832. Na base da pirâmide, um soldado especializado engajado terá lançados na
sua conta do Banco do Brasil R$ 1.758. As informações são do jornal O Estado de
S. Paulo.
Por Roberto Godoy