Correio Braziliense - 17/07/2012
No primeiro dia de acampamento na Esplanada, apareceram
pouquíssimos manifestantes, fato que agradou o Palácio do Planalto. Governo
mantém posição de não dar reajustes em 2013
O primeiro dia de acampamento dos servidores para pressionar
o governo por aumento de salários foi um fiasco. A promessa de fazer barulho na
Esplanada dos Ministérios não se concretizou, o que pode enfraquecer o
movimento grevista do funcionalismo. Ontem à noite, os sindicatos se
articulavam para cumprir a promessa de reunir pelo menos 5 mil manifestantes
até sexta-feira, ao custo de mais de R$ 1 milhão com transporte, comida,
aluguel de equipamentos e hospedagem.
A fragilidade inicial do movimento tranquilizou o Palácio do
Planalto, que voltou a reforçar a intenção de conceder reajustes apenas aos
professores de universidades, devido ao aperto orçamentário causado pela crise
mundial. O Ministério do Planejamento, por sinal, ratificou o desejo de mandar
cortar o ponto dos grevistas, por não concordar com a radicalização dos
sindicatos. O governo havia pedido aos servidores que continuassem trabalhando
e mantivessem as negociações até meados de agosto, quando fechará a proposta de
Orçamento de 2013. Mas várias carreiras resolveram cruzar os braços antes.
Toda a estrutura para receber os 5 mil manifestantes
esperados pelos sindicatos foi montada durante a tarde de ontem, mas pouco mais
de 50 servidores apareceram no local, em uma manifestação em frente ao
Ministério da Saúde, e apenas seis barracas foram montadas no gramado central
da Esplanada. Os ônibus e vans com os cerca de 3,5 mil manifestantes de várias
partes do país, que permanecerão no Distrito Federal até o dia 20, deveriam
começar a chegar para o acampamento. Mas o diretor da Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, informou
que 1,8 mil pessoas que desembarcaram na capital preferiram ir direto para
pousadas, hotéis e alojamentos de entidades parceiras. Ou seja, apesar de todo
o alarde dos sindicalistas em torno do acampamento, a maior parte dos
servidores não deve dormir no local.
As atividades na Esplanada, segundo o diretor da Central
Única dos Trabalhadores (CUT) no DF, Rodrigo Britto, só devem começar hoje. O
ponto alto do movimento, no entanto, promete ser a marcha dos servidores,
amanhã. Os grevistas devem caminhar da Catedral ao Ministério do Planejamento,
onde pedirão audiência com a ministra Miriam Belchior.
Novos órgãos prometem aderir à paralisação dos servidores —
que já atinge 350 mil profissionais em 23 estados e no DF somente na base da
Condsef. Os petroleiros, em estado de greve por uma nova proposta de
participação nos lucros e resultados (PLR) da Petrobras, reúnem-se hoje com os
representantes da empresa. Caso não haja um consenso, devem cruzar os braços a
partir de sexta-feira. Já os servidores da Imprensa Nacional devem decidir
nesta semana se vão aderir ao movimento.
Sangue pela carreira
Os servidores da área ambiental optaram por uma manifestação
diferente. Em greve pela valorização da carreira, devem chamar os outros
manifestantes para doar sangue no Hemocentro de Brasília durante todo o dia de
hoje. De acordo com a Associação
Nacional de Servidores da Área Ambiental (Asibama), 91 dos 168 escritórios do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) foram fechados em todo o país, um desmonte considerado inaceitável pelo
funcionalismo.