Geralda Doca
O Globo - 19/07/2012
Empresas atingidas podem ir à Justiça do Trabalho pedindo
dissídio coletivo
O governo federal vai endurecer com funcionários das
estatais e servidores que exigirem reajustes salariais elevados. A orientação
do Palácio do Planalto é repor só a inflação (sem aumento real), cortar ponto
de grevistas e pedir dissídio em casos de radicalização do movimento. A
Eletrobras se prepara para entrar com ação pedindo a ilegalidade da greve.
Petrobras e bancos federais também podem ir à Justiça. Servidores em greve
tomaram a Esplanada dos Ministérios e picharam o MEC. Devido à paralisação, a inscrição
no Sisu foi estendida até amanhã.
Estatais prometem recorrer à Justiça caso acordo não seja
fechado. Ordem do Planalto é não conceder ganhos reais
BRASÍLIA . O governo está disposto a endurecer com os
funcionários das estatais nas negociações dos reajustes salariais para o
segundo semestre. A ordem é não conceder ganhos reais, apenas reposição da
inflação; cortar o ponto de grevistas; e entrar com pedido de dissídio na
Justiça do Trabalho nos casos em que houver radicalização do movimento.
Segundo interlocutores do Planalto, a Eletrobras já se
prepara para entrar com ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para
declarar ilegal a greve nas subsidiárias da estatal, que começou na
segunda-feira. A Embrapa entrou com pedido de dissídio coletivo. O mesmo
procedimento deve ser adotado pelos Correios, cujos funcionários têm data-base
em agosto. A Petrobras e os bancos federais, com data-base em setembro, também
deverão recorrer à Justiça, caso não haja acordo.
Por sua parte, a equipe econômica analisa a contraproposta
feita aos petroleiros pela Petrobras, anteontem, de aumentar a fatia da
Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo uma fonte, o aumento será
vetado, caso a soma ultrapasse os 4,5% do lucro líquido da empresa (estimado em
cerca de R$ 35 bilhões neste ano) autorizados para PLR.
Planalto cobra dos servidores produtividade
De olho na distribuição de dividendos ao Tesouro Nacional,
concentrada no segundo semestre, os petroleiros anteciparam parte da negociação
prevista para a data-base. Para evitar a greve, a estatal propôs elevar
imediatamente o piso da PLR de R$ 14 mil para R$ 17 mil.
A avaliação do governo é de que os servidores das estatais
foram contemplados durante o governo Lula com aumentos expressivos e que agora
devem dar um retorno em produtividade para ajudar a economia a crescer. O
argumento é que a categoria dispõe de uma série de benefícios (fundo de pensão,
plano de saúde, dentre outros) e os salários estão equiparados aos do setor
privado. No caso da Eletrobras, quando a holding foi criada, houve uma
reestruturação da carreira dos funcionários das companhias de energia.