Lucas Marchesini
Valor Econômico - 06/09/2012
Brasília - Os efeitos da greve dos servidores públicos
federais deverão se estender até outubro. Em alguns casos, os danos da
paralisação foram irreversíveis, como na Controladoria-Geral da União (CGU).
Diversas paralisações temporárias no órgão levaram à não fiscalização de 36
municípios de um total de 60 sorteados nos primeiro semestre para um
acompanhamento das contas públicas. "Se havia irregularidades nesses 36,
os corruptos certamente ficaram muito felizes com a greve", disse o
ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.
No Ministério da Agricultura, a estimativa é que as
atividades dos fiscais federais agropecuários serão normalizadas em duas
semanas. Em nota, o ministro Mendes Ribeiro considera que "em função da
decisão da Justiça que estabeleceu percentuais mínimos de fiscais agropecuários
federais em postos estratégicos, como portos e aeroportos, o impacto direto foi
pouco significativo".
Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o
prazo também é de duas semanas para que o acúmulo de processos em portos aeroportos
e fronteiras termine. Já nos outros postos, a demora deve ser de 20 a 30 dias,
chegando a 40 dias nos processos administrativos internos da Anvisa, segundo
estimativa do diretor-presidente da agência, Dirceu Barbano.
No caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o efeito negativo da greve foi percebido na divulgação incompleta dos
dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Nas PMEs divulgadas em julho e
agosto, os dados do Rio de Janeiro ficaram de fora. Na última divulgação também
faltou a sistematização dos dados referentes a Salvador. As informações
chegaram a ser coletadas, mas não foram analisadas.
A greve dos servidores do IBGE, que atingiu 30% do quadro
segundo a assessoria do órgão, também atrasou a coleta dos dados das pesquisas
anuais, mas não haverá atraso na divulgação das informações, já que nos
próximos três meses a situação deve se normalizar.
Ontem, os Correios apresentaram aos funcionários uma
proposta de reajuste salarial de 5,2%. A proposta inicial, já rejeitada pela
categoria, previa aumento de 3%. A direção da estatal afirmou, em nota, que
"está confiante em um acordo coletivo que seja satisfatório para
todos". A empresa tenta evitar a repetição da greve de funcionários
ocorrida no ano passado. A categoria ainda não se pronunciou sobre a proposta.