BSPF - 01/11/2014
O novo mandato, com a cara de Dilma, terá um segundo escalão
mais bem cuidado, afirmam seus interlocutores mais próximos. Mas o governo tem
dificuldade em atrair para seus quadros profissionais experientes e com boa
reputação no mercado, pois a média salarial dos cargos comissionados está
abaixo dos valores pagos pela iniciativa privada. A opção apontada por Dilma
para melhorar a qualificação no segundo escalão dos ministérios é pouco
ortodoxa, em termos políticos: ela diz que vai acionar “headhunters” para
selecionar os melhores cérebros já em exercício no serviço público, graças aos
disputados concursos.
Mas, diferentemente de Lula, o governo Dilma tem má
avaliação junto ao funcionalismo. A baixa popularidade com os servidores
federais ficou registrada na votação do PT no Distrito Federal. A rejeição foi
fruto de uma política equivocada de recomposição salarial. O governo optou por
conceder reajustes fracionados. Apenas as categorias que capitanearam grandes
greves ou tinham mais interlocução junto ao governo foram beneficiadas. Para o
próximo mandato, Dilma promete um “pacote” de valorização do funcionalismo, com
a realização de novos concursos para substituir postos ocupados por
comissionados.
A solução para controlar a pulverização de interesses é
convocar a sociedade a pressionar os parlamentares pela aprovação de grandes
reformas, como a mudanças no sistema eleitoral. Dilma terá que contar com a
população, só assim não será novamente prisioneira do fisiologismo. Um grande
pacto nacional pela transparência e combate à corrupção é a única saída, pregam
manifestos de grupos apartidários como o Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral (MCCE) e a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em
2015, processos resultantes da Operação Lava Jato devem atingir dezenas de
autoridades com foro privilegiado, entre eles, muitos dos parlamentares
eleitos. “Se o novo presidente não fizer o enfrentamento para votar reformas, a
situação política no Brasil vai ficar insustentável. A presidente precisa
priorizar a reforma política assim que assumir. Esses escândalos que afundam o
país no processo de corrupção estão todos vinculados ao sistema de financiamento
de campanhas”, afirma Jovita José Rosa, diretora do MCCE.
Nos primeiros quatro anos, Dilma falhou na missão de
interligar o trabalho das pastas. Ela criou dois novos ministérios, mas só
deixou a estrutura do Estado mais onerosa e travada. De acordo com a
especialista em gestão pública, nas ciências da administração existem duas
grandes correntes que estudam mandatos. O primeiro governo de Dilma pode ser
classificado como administração burocrática, em contraposição à administração
gerencial. O segundo modelo busca a eliminação de intermediários na execução de
tarefas. Assumir os erros e...
Leia a íntegra em Como ser uma nova Dilma
Fonte: ISTOÉ Independente