BSPF - 19/03/2015
Os analistas de mercado já avisaram que o governo não terá
condições, diante da crise econômica que passa o país, de conceder o aumento
linear reivindicado
A primeira reunião do ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa, nesta sexta-feira (20/3), com os servidores públicos federais, deverá
ser tensa. Os analistas de mercado já avisaram que o governo não terá
condições, diante da crise econômica que passa o país, de conceder o aumento
linear reivindicado (27,3%) campanha salarial de 2015. O espaço orçamentário,
nos cálculos da Consultoria Tendências, é de apenas 7,9% (19,4% a menos). Mas
tudo indica que tamanho baque não será aceito pelo funcionalismo.
“Esse (os 27,3%) é o ponto de partida para o debate e o
suficiente para repor perdas do poder aquisitivo. Qualquer coisa abaixo do que
foi acertado pelas 31 entidades do Fórum dos Servidores terá muita resistência
e dificuldade de acolhimento. A situação é muito delicada, porque o sentimento
geral não é dos melhores. A reação pode ser ainda mais forte que em 2012”,
explicou Sergio Ronaldo da Silva, secretário-Geral da Confederação Nacional dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef, que representa 80% do
pessoal do Executivo).
Silva explicou que o mais importante no momento é que o
governo abra o diálogo com os servidores e, principlamente, respeite o que vier
a ser acertado. “Achamos que foi positivo o ministro ter nos incluído na
agenda, fato que não aconteceu com sua antecessora, Miriam Belchior. Os
servidores, no entanto, estão decepcionados e descrentes. Temos 144 acordos
assinados com o governo e cerca de 100 não foram cumpridos”, destacou o
secretário-geral da Condsef.
Ele lembrou que o cálculo do aumento para 2016 não foi
casual. Os 27,3% equivalem à inflação oficial medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto de 2010 a julho de 2016, em torno
de 44%, já descontados os 15,8% ganhos em três parcelas (2013, 2014, 2015),
mais ganho real de 2%. “Já está marcada uma jornada de luta em 7, 8 e 9 de
abril e depois uma plenária para discutir o que for apresentado por Nélson
Barbosa no dia 20”, assinalou Silva.
Para dar exemplo do descaso do governo com o funcionalismo,
Silva divulgou o valor do vale-refeição, que não é reajustado há mais de seis
anos. Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), o preço médio nacional de uma refeição completa é de
R$ 30,14, o que resultaria em R$ 663,08 mensais. Os trabalhadores recebem quase
a metade, ou seja, R$ 16,45 diários, ou R$ 373 por mês de vale-refeição. “Um
absurdo. Além de outros problemas, como a contribuição para o plano de saúde.
Dos R$ 1 mil mensais, o governo contribui apenas com R$ 300. Esse dados
precisam ser rediscutidos”, analisou o secretário-geral da Condsef.
Fonte: Correio Braziliense