Agência Brasil
- 28/05/2015
Professores e trabalhadores técnico-administrativos de
instituições públicas de ensino superior entraram em greve hoje (28), por tempo
indeterminado, em vários estados. Os profissionais querem pressionar o governo
federal a ampliar os investimentos na educação pública.
Na semana passada, o governo anunciou contingenciamento de
recursos do Orçamento Geral da União 2015. Para a educação - setor que está
entre as maiores reduções de gastos - serão cortados R$ 9,423 bilhões.
Entre as reivindicações dos funcionários, estão a
reestruturação da carreira e a reposição de 27% das perdas salariais. O último
reajuste foi em 2012.
Os docentes aprovaram a greve no dia 16 de maio, em reunião
do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior
(Andes-SN), em Brasília. De acordo com o sindicato, 19 instituições estão
paralisadas. Entre elas, a Universidade Federal Fluminense e as federais de
Alagoas, Sergipe, Tocantins, Pará, Amapá e Lavras (MG).
"Houve uma expansão significativa das universidades
federais, mas as condições da expansão são precárias. Tivemos, além de
dificuldades que já existiam, um contingenciamento de recursos nos três
primeiros meses do ano. As universidades não estão conseguindo pagar as suas
contas", diz o presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo.
Os trabalhadores técnico-administrativos decidiram pela
greve em plenária nacional na segunda-feira (25). Segundo a Federação de
Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino
Superior Públicas do Brasil (Fasubra), na última reunião feita com o governo,
no dia 22 de maio, foram apresentadas posições do governo que
"efetivamente não acatam a centralidade de nossas demandas".
A Federação de Sindicatos de Professores de Instituições
Federais de Ensino Superior (Proifes), que representa 11 sindicatos, entende
que agora não é momento para a paralisação. "A negociação acabou de
começar", diz o presidente da federação, Eduardo Rolim. Segundo ele, o
cronograma de diálogo estabelecido com o governo segue até julho.
Rolim explica que a categoria recebeu um reajuste que variou
de 25% a 44% em 2012 e que o acordo tem validade de três anos, prazo que
terminou em março. "Agora é necessário garantir um novo reajuste. Além
disso, há necessidade de reestruturar a carreira. Para que haja reajuste no
próximo ano, o governo precisa enviar a proposta para ser votada pelo Congresso
até agosto", afirma.
Com as greves, a Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) antecipou a reunião do
conselho pleno, que ocorreria no dia 29 de julho para o dia 9 de junho.
O Ministério da Educação (MEC) publicou nota ontem (27) na
qual critica a decisão pela greve "sem que seja precedida por um amplo
diálogo". A pasta diz que a deflagração do movimento agora só faria
sentido "quando estiverem esgotados os canais de negociação".
"Normalmente, o Poder Público atende tanto quanto pode,
segundo realidades conjunturais, recursos disponíveis, agendas e acordos
consagrados, sempre tendo em vista o fim superior, que é a educação inclusiva,
de qualidade", diz a nota. O ministério destaca que segue disposto a
dialogar com a comunidade das instituições federais.